A Raça no Brasil

OS PIONEIROS NA CRIAÇÃO

Segundo J. N. Murray, no livro "An Omnibus of Rhodesian Ridgebacks", o primeiro Rhodesian Ridgeback a chegar ao Brasil foi o macho "Indoena In-Gonyana", nascido em 01/08/1947, de origem sul-africana. O animal foi primeiramente para a Holanda, para a Sra. M. E. Goedhart-Bakker of Utrecht (provavelmente em 1947/48) e no início da década de 1950, enviado para o Brasil juntamente com uma de suas crias já nascidas na Holanda, a fêmea "Outante Koos".

Glenaholm Sattebe

Só encontramos outros registros de chegada de Rhodesian Ridgeback no Brasil na década de 1970. Em 1972 o cão "Red Rufus", nascido em 15/12/1971 foi enviado para o Dr. A. Rocco, do qual não conseguimos nenhuma outra informação.Após diversas pesquisas e depoimentos de vários criadores envolvidos com a raça, chegamos ao Barão Walter Sutton e sua esposa, a Baronesa Elvira Sutton que, em 1974, trouxeram o macho de 6 meses de idade, "Glenaholm Satebbe", nascido em 12/10/73. O animal foi trazido da região do Zimbabwe,  no sul da África, onde o Barão realizava safáris com essa raça. Existem informações de que, por volta de 1974/75, um Rhodesian Ridgeback, "Glenaholm Mosheshe", de propriedade do inglês Mr. Roger Spencer Bardoe, teria se apresentado em exposições em Londrina, já adulto. Como não foi possível conseguir apontamentos para certificarmos a data de nascimento do animal e a data de chegada ao Brasil, existe a possibilidade do cão de Mr. Bardoe ter chegado antes dos animais do Dr. Rocco ou do casal Sutton.No ano de 1975, o casal Sutton adquiriu a filhote fêmea, "Glenaholm Halalisa", nascida em 23/01/75, dando origem ao canil Chingola. Já pensando na evolução da raça, adquiriram, em 1983, mais um casal, de linhagem diferente, os irmãos de ninhada "Kwa Mlimo Tazama" e "Kwa Mlimo Mgeni", nascidos em 12/10/82, também procedentes do Zimbabwe.

Também nesse período, Mr. Roger Spencer Bardoe, realizou várias importações para reforçar o plantel e iniciar a criação do canil Guarsdman.  Uma delas, a cadela "Lionhill Tacitah", dos Estados Unidos, acasalou com o padreador africano "Glenaholm Mosheshe".  Os filhotes desta ninhada  deram origem a vários canis da região nordeste. "Mosheshe" acasalou também uma cadela da criação do casal Sutton, "Tezela de Chingola",  originando o grande expoente da raça, tri-campeão do Ranking  CBKC nos anos de 1984 a 1986 no Brasil, "The Guardsman Bwana", de propriedade do Sr. Eduardo Bandeira.

The Gwardsman Bwana

Em Janeiro de  1984 o Sr. Teodoro Machado adquiriu a fêmea  "Kwa Mlimo Mgeni", do casal Sutton e a titularidade do canil foi transferida para seu nome, dando origem ao Chingola Brasil. As instalações do canil e o plantel localizam-se em Goiás, com registro na cidade do Rio de Janeiro, associado ao canil Cardeiros.

Retornando a 1982, um inglês residente no Brasil, Mr. John Landers, trouxe um casal de animais procedente do Zimbabwe. O macho chamava-se "Mushana Kaseke" , nascido em 31/01/82, e a fêmea  "Kosha", nascida em 05/01/82. Os cães deram origem ao canil Kettleby, localizado em Brasília. O Canil Chingola, utilizou  um filho desse casal "Kettleby Marquis" com uma cadela de sua criação dando suporte à atual criação Cardeiros

Os registros de ninhada de Rhodesian Ridgeback brasileiros mais antigos que pudemos encontrar datam de 1984. A Confederação Brasileira de Cinofilia ainda está informatizando seus registros e informações anteriores ao referido ano ainda não se encontram disponíveis. Procuramos entrar em contato com criadores, treinadores e pessoas que estiveram ligadas ao meio cinófilo  durante a década de 1980 para conseguir mais dados. Segundo depoimentos, outros cães podem ter sido registrados anteriormente. Existem alguns indícios de que a criação brasileira da raça começou antes de 1984. Vejamos abaixo, a história do Canil Guardsman. Mr. Roger Spencer Bardoe, vindo de Londrina (Paraná), onde desenvolvia sua criação, introduziu a raça em Alagoas também nos anos 80. Um macho de sua propriedade, originário do mesmo canil dos cães importados pelo casal Sutton, "Glenaholm Mosheshe", venceu o ranking de 1983 como o Melhor Rhodesian do Brasil, de acordo com o Anuário da Confederação Brasileira de Cinofilia. Nesse ano em que o cão "Mosheshe" venceu o Ranking da raça, aparece em segundo lugar um cão também de propriedade de Mr. Bardoe de nome "Amazolo Shangalowe". Esse macho era nacional, criação da Sra. Zenaide Pereira, do Rio de Janeiro e filho de "Glenaholm Satebbe" com a cadela "Bezika de Chingola". Já que estava competindo ao Ranking de 82 e já era filho de "Chingola", é certo  que o Canil Chingola tenha realizado registros anterior às previsões acima e  participe como um dos pioneiros na criação do Rhodesian Ridgeback. Não conseguimos chegar até os certificados de registros dos animais, mas já fica claro que a história dos Rhodesian no Brasil é bem mais longa do que poderíamos supor inicialmente.

Ao optarmos por contar a história documentada dos Rhodesian Ridgeback em nosso país, chegamos a dois pioneiros, o canil Chingola e o canil Guardsman. O canil Chingola, além desse título, também se destacou nas pistas. O cão "Glenaholm Sattebe" foi mostrado em exposições brasileiras pelo treinador Flavo Ribas, conquistando brilhantes resultados, inclusive "Best in Show". Segundo depoimento do handler Divoney Rasera, de São Paulo, por volta do ano de 74/75 ele  apresentou nas pistas de Londrina,  um Rhodesian Ridgeback de propriedade de Mr. Roger Spencer Bardoe. Tentamos pesquisar junto aos criadores de outras raças à época e não conseguimos precisar o período e o nome do cão. Esse cão que tinha como apelido  "Kimba", tinha aproximadamente dois anos. Ouvimos também o Sr. José Márcio Passos que nos informou que foi Mr. Bardoe quem popularizou a  raça  Rhodesian Ridgeback em Alagoas. Ele teve um largo convívio com Mr. Bardoe, mas também não soube precisar o período em que ele trouxe a raça para o Brasil.

O grande responsável pela popularidade da raça em exposições no Brasil, sem dúvida foi o Sr. Eduardo Bandeira. Após adquirir algumas fêmeas de Mr. Sutton, o Sr. Bandeira acabou por se envolver também na criação, fundando o canil Palmeira de Alagoas. O destaque do cão "Bwana" nas pistas popularizou bastante a raça. O canil teve o seu plantel reforçado pêlos animais do canil Guardsman, no início dos anos 90, quando Mr. Bardoe foi para Portugal e transferiu seus cães para o Sr. Bandeira.

Durante a segunda metade da década de 80 os canis Rayra Potyra, do Sr. José Passos, Zamzibar, da Sra. Maria Auxiliadora Ribeiro e outros canis da região, animados com os resultados em exposição do cão "Guardsman Bwana", começaram também a investir na raça. O trabalho conjunto de todos esses canis muito contribuiu para o crescimento da raça em nosso país, transformando o nordeste no maior centro criador da raça.

O Sr. Alberto Bonfiglioli, de  São Paulo, após ter adquirido duas fêmeas filhas do "Bwana", do Canil Palmeira de Alagoas,  importou  no ano de 1988, um macho procedente da Califórnia "Gr. Ch. Tahoe Ridge Krugerand", que foi apresentado nas pistas do Brasil vencendo "Melhor do Grupo". Esse cão padreou alguma matrizes no Nordeste que deu origem à vários canis da região. No ano seguinte, empolgado com a criação, em associação com o Sr. Eduardo Bandeira,  importou duas fêmeas, irmãs  de ninhada, procedentes de New Jersey nos Estados Unidos.

Nos final dos anos 80, entra em cena o Canil Cardeiros, de propriedade de José Roberto Marinho, presenteado pelo Sr. Teodoro Hungria com Wyni Mgeni Chingola Brasil. Em 1989, sua então esposa Frances Marinho, importa dos Estados Unidos o macho Mshindaji's Samba. Ambos deram inicio ao plantel de fundação do Canil. No ano seguinte chega Kazane do Mzuzu e com Wyne e Samba foram responsáveis pelos exemplares que deram sequencia a criação no Brasil, promovendo a formação de diversos canis que hoje atuam na seleção da raça.